Instaurou-se assim o conflito entre mecânica quântica e relatividade geral. Muitos físicos seguiram os passos de Einstein e propuseram mudanças na mecânica quântica. O próprio Hawking deu os primeiros passos nessa direçÂão. O holandês GerardÂ’t Hooft (1946-) – prêmio Nobel de Física de 1999 por seu trabalho sobre a unificaçÂão das forças fraca e eletromagnética – e o norte-americano Leonard Susskind (1940-) – cujo aniversário foi comemorado no final de maio na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, onde leciona, com um seminário sobre gravitaçÂão quântica – propõem a manutençÂão da mecânica quântica e modificaçÂões na relatividade geral. As primeiras evidências de que a relatividade geral deveria mesmo ser modificada vieram com a proposta das supercordas, em meados de 80. A motivaçÂão para as supercordas baseia-se na constataçÂão de que o conceito de uma partícula idealizada como um ponto material é inadequado para formular a quantizaçÂão da relatividade geral. As teorias de cordas são radicalmente diferentes das teorias usuais. 

Os objetos fundamentais não são mais partículas pontuais, mas sim objetos estendidos, unidimensionais, que são as chamadas cordas, diz Rivelles. Por terem tamanho muito pequeno, elas parecem comportar-se como partículas. A teoria de cordas é objeto de estudo, em São Paulo, também dos pesquisadores Nathan Berkovits, do Instituto de Física Teórica da Unesp, e Élcio Abdalla, do Instituto de Física 


da USP. As teorias de cordas, no entanto, precisam ser formuladas de modo a descrever todos os tipos de partículas elementares conhecidos. 
Uma das teorias de cordas considera a existência de uma partícula com todas as propriedades do gráviton e que, embora ainda não comprovada experimentalmente, seria capaz de conduzir a força da gravidade. É um resultado que Rivelles considera surpreendente. 

Outra partícula prevista pela teoria de cordas tem a propriedade de mover-se com velocidade superior à da luz. A existência dessa partícula, o táquion, é proibida pela relatividade especial de Einstein. É aí que entra o conceito de supersimetria, que resolve o problema ao eliminar essa partícula indesejada. A supersimetria – tema que Rivelles abordou em sua tese de doutoramento de 1982 no King's College de Londres, Reino Unido – é um artifício teórico que unifica todas as partículas e forças da natureza simplesmente por considerar em pé de igualdade dois tipos de partícula bastante distintos, os bósons e os férmions.


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