Novidades em teoria de cordas e na física

29/01/2006
  • ATENÇÃO: ÚLTIMO POST!!! Como o número de posts que tenho feito aqui está crescendo muito, não é mais possível mante-los nesta homepage. Graças às valiosas informações dadas pelo Alysson vou passar a publica-las num blog, o Sum Over Histories. Num blog as informações ficam arquivadas de forma mais racional e a recuperação delas é mais fácil. Façam uma visita ao blog!
  • 29/01/2006
  • O livro de FHC e a pobreza.
    FHC sempre tentou convencer o povo brasileiro de que era um ser superior, acima dos problemas mundanos e preocupado com os designios dos brasileiros. Tentou convencer a todos que era um intelectual, bradando seu diploma de sociólogo e seu cargo de professor da USP, mas como seus atos demonstraram, nunca passou do nível de intelectual do interior, aquele velhinho de cidade pequena, que sentado em sua varanda fala com enorme conhecimento sobre qualquer coisa, sempre com palavras pomposas, enganando os ignorantes e analfabetos com sua pseudo erudição.
    Em março ele vai lançar um livro nos EUA com o título: "The Accidental President of Brazil - A Memoir", que poderia ser traduzido por "Presidente do Brasil por Acaso - Memória". Como o título indica, trata-se de um livro superficial sobre sua vida, mostrando como nada foi resultado de planejamento mas simplesmente do acaso. O comentário de Vinicius Freire sobre o livro, As memórias casuais de FHC, para americano ler, é interessante e mostra a face que FHC deseja mostrar para o exterior, o FHC light. Já para o público brasileiro FHC promete outro livro, "Minhas Memórias do Poder", também a ser lançado em março, e como o título indica parece ser mais "forte" que o similar americano, mostrando sua face mais dura. Isso mostra a eterna ambiguidade e falta de sinceridade típica dos políticos brasileiros. Que, é bom dizer, também se manifesta em Lula.
    Apesar de Lula e FHC reconhecerem as desigualdades sociais existentes no Brasil, e também suas causas históricas, e apesar de ambos terem prometido lutar para diminui-las, o que de fato conseguiram até agora? O cerne do plano Real, e de sua continuidade no governo Lula, é a contenção da inflação através de uma política de juros altos. Mas a quem isso interessa? Nassif, em A indústria estéril da arbitragem, conta uma história muito interessante, de como obter empréstimos em dólar, no exterior, traze-los para o Brasil e aplica-los em papéis lastreados na Selic, esperar alguns anos e depois remete-los de volta ao exterior. Com um empréstimo de 10 milhões de dólares é possível ter um lucro líquido de 14 milhões de dólares em 3 anos! Mágica? Não. Dinheiro dos trabalhadores que pagam impostos ao governo.
    Mas a manchete da Folha de hoje é: "Pobreza crece em SP mas cai no Brasil", mostrando que que a classe média alta ganha menos e que os pobre mais pobres ganham um pouquinho a mais. Será este o caminho certo?
  • 28/01/2006
  • Para quem quer saber se um físico ganha bem veja a pesquisa de salários na Jupiter Scientific nos EUA. Ela mostra que entre os pesquisadores, os físicos são os que ganham mais: US$ 106.000 por ano. Enquanto isso um professor do segundo grau ganha US$ 48.000 por ano, um clínico geral US$ 146.000 e um advogado experiente US$ 140.000. No Brasil, a grande maioria dos pesquisadores trabalham em universidades e devido a isonomia salarial todos ganham o mesmo, independente de sua competência. A única diferença que há é o fato da universidade ser federal ou estadual. Outra possível diferença é a bolsa de produtividade de pesquisa do CNPq que os pesquisadores ativos possuem. Fora isso, trabalhando ou não trabalhando, o salário é o mesmo para todo mundo. Até quando?
  • 27/01/2006
  • Além de ser um dos líderes em teoria de cordas, Ed Witten também é bem conhecido por publicar trabalhos com um número enorme de páginas. Há um rumor, no blog do Motl, de que o próximo trabalho terá de 300 a 400 páginas e não será um paper. Vamos aguardar.
  • 26/01/2006
  • A procura por dimensões extras. Uma predição genérica da teoria de cordas é que o universo possui 10 dimensões, 6 a mais do que a que observamos com nossos sentidos. Isto é extremamente importante pois nenhuma teoria física anterior era capaz de dizer algo a respeito do número de dimensões que existem e colocou essa questão como algo a ser respondido pela experiência, e não algo que deva ser postulado.
    Um experimento importante, o AMANDA, está sendo realizado na Antártida. Ele simplesmente conta o númeor de neutrinos que atravessam a Terra e o número de neutrinos que chegam do céu. A diferença e a razão entre eles podem sinalizar a existência de uma física diferente daquele previsto pelo modêlo padrão das partículas elementares. Isso é possível porque os neutrinos cósmicos têm enegia muito acima daquela que pode ser obtido em um acelerador de partículas.
    A novidade em NU researchers find signs of extra dimensions, é que o AMANDA pode encontrar dimensões extras. E isso antes do LHC, o maior acelerador de partículas que entrará em operação em 2007. E caso o LHC não encontre nada, o próximo detector de neutrinos que está em construção na Antártida, o ICE CUBE, poderia ser o pioneiro na detecção das dimensões extras.
  • 23/01/2006
  • Deserviço à educação superior.
    A Folha de ontem publicou um ranking das universidades brasileiras baseada exclusivamente no número de alunos, Universidades privadas aumentam domínio em número de estudantes. É claro que as universidades particulares ficaram na frente já que abocanham a maior parte dos alunos. Apesar da Folha também publicar um quadro mostrando que a qualidade das universidades publicas é muito melhor que a das privadas, logo logo vamos ver anúncios da Unip dizendo que estão na frente da USP no ranking da Folha.
    No caderno Mais, em Universidades fora de foco, três "intelectuais" escrevem sobre os problemas do ensino superior no país: Gabriel Cohn, Luiz Felipe de Alencastro e Gláucio Soares. Em Quanto vale ou é por quilo? o autor faz um apanhado banal dos problemas que acometem as universidades num palavrório totalmente inconsequente. Já em Não existe almoço grátis, o autor, que dá aulas na Universidade de Washington, diz o óbvio: não é possível comparar as universidades americanas com as brasileiras (e na verdade, nem com as européias). Finalmente, no terceiro artigo, Massa e elite racham sistema universitário francês, há uma análise detalhada do que acontece na França, e como esperado, trata-se de algo tipicamente francês, sem nenhuma conexão com o que acontece no Brasil.
    Se é dessa forma que a Folha espera discutir a educação superior no Brasil, de maneira séria e positiva, a coisa vai muito mal. Deve-se atentar também para o fato de que várias "personalidades" estão criticando o investimento do governo federal no ensino superior, afirmando que tais recursos deveriam ser utilizados no ensino básico. Será isto o início da tão temida campanha para desmoralizar o ensino superior público no Brasil? Para depois trazer as multinacionais do ensino para o Brasil? O mercado brasileiro é enorme e elas certamente estão de olho!!!
    Veja também Cursos de educação superior em liquidação no Nordeste para quem duvida que educação é mercadoria no Brasil!
  • 22/01/2006
  • Repercussões do paper do Nicolai. Peter Woit faz os comentários usuais tentando estigmatizar a teoria de cordas e pedindo a opinião de experts da loop quantum gravity acerca dos comentários negativos de Nicolai. Entre os comentários no blog do Woit voce pode encontrar uma resposta longa de z Lee Smolin que procura mostrar que a situação da loop quantum gravity não é tão ruím quanto pinta Nicolai. A seguir, Lubos Motl analisa detalhadamente os comentários de Smolin desmontando seus argumentos um por um. Num post anterior Who is a LQG expert, Motl ironiza o pedido de Woit de uma opinião de um expert em loop quantum gravity. Um comentário curioso do Motl é que o paper anterior de Nicolai sobre loop quantum gravity é o paper dessa área mais citado em 2005!
  • 20/01/2006
  • Ontem saiu mais um trabalho de Hermann Nicolai sobre Loop Quantum Gravity. No primeiro deles Loop quantum gravity: an outside view, Nicolai enfatiza que o problema de ordenamento em LQG é analogo ao problema da não renormalizabilidade da relatividade geral, tornando a teoria não preditiva devido ao número infinito de novos termos que devem ser introduzidos. Comentei isso aqui. No novo trabalho, Loop and spin foam quantum gravity: a brief guide for beginners o mesmo ponto é enfatizado novamente.
  • Um tabalho muito interessante apareceu alguns dias atrás sobre a anomalia do Pioneer. Em 1972 e 1973 foram lançados os satélites Pioneer 10 e 11, respectivamente, para estudarem os planetas exteriores do sistema solar. Eles enviaram fotos magnificas de Júpiter e Saturno, além de coletarem dados científicos extremamente importantes. O Pioneer 10 foi o primeiro objeto construído pelo homem a deixar o sistema solar. Eles foram monitorados até 2003 e a trajetória de ambos é conhecida com uma precisão muito grande. A análise da órbita dos satélites mostra um comportamento anômalo para distâncias entre 20 AU e 80 AU, que pode ser explicado por uma aceleração constante e uniforme, na direção do Sol, da ordem de 10-10 m/s². Várias tentativas de explicação em termos de efeitos físicos conhecidos e da engenharia dos satélites não tiveram nenhum sucesso. Está até sendo proposta uma nova missão espacial com a finalidade de verificar se a anomalia é real ou não. No trabalho de Lorenzo Iorio, What do the orbital motions of the outer planets of the Solar System tell us about the Pioneer anomaly?, é estudado o efeito dessa aceleração sobre Urano, Netuno e Plutão. Segundo Iorio, apesar da aceleração anômala ser pequena, ela produz efeitos nos movimentos desses planetas que já deveriam ter sido detectados. Isso significa que a anomalia na órbita dos Pioneer não é devida a uma aceleração radial constante presente no sistema solar. Portanto, o mistério continua.
  • 16/01/2006
  • Uma nova métrica está sendo proposta para medir a qualidade de revistas científicas. A maneira usual de avaliar a qualidade de uma revista é contar o número de citações que ela recebe. Isso é feito pelo ISI e dá origem ao famoso Fator de Impacto da revista, uma medida das citações recebidas num período de 2 anos. Uma forma mais refinada está sendo proposta em Journal Status. Os autores argumentam que o ISI na verdade mede a popularidade da revista pois apenas conta as citações que a revista recebe, sem se preocupar com a qualidade das revistas que fazem a citação. Se levarmos em conta a qualidade da revista que faz a citação teríamos então uma outra medida, a medida de prestígio da revista. Para isso, eles usam um algorítimo, o PageRank, usado pelo Google para qualificar as páginas encontradas numa busca. Não basta saber se uma página na internet possui muitos links apontadando para ela. É necessário saber quem são esses links, isto é, se eles próprios possuem muitos links ou não. Isso fornece uma idéia do prestígio da página na internet. A mesma idéia é aplicada em Journal Status. Uma revista tem prestígio se é citada por outras revistas de prestígio. Na física, as revistas mais populares (maior Fator de Impacto) são aquelas que publicam trabalhos de revisão e isso é bastante compreensível. As 5 mais populares são: Rev. Mod. Phys., Adv. Phys., Phys. Rep., Mat. Sci. Eng. R. e Annu. Rev. Nucl. Part.. Aplicando-se o PageRank, descobrimos que as 5 revistas mais prestigiadas são: Phys. Rev. Lett., Appl. Phys., Lett., J. Appl. Phys., Phys. Rev. D, e Phys. Rev. E, que parece mais de acordo com a expectiva de quem trabalha na área. Além disso, os autores propõem uma outra métrica, o fator Y, que é uma combinação do Fator de Impacto e do PageRank. Certamente este não é o fim da história. Preparem-se pois novas métricas irão sem dúvida aparecer...
  • 12/01/2006
  • Há cerca de dois anos atrás, Joe Polchinski propôs que cordas fundamentais remanescentes do universo primordial poderiam ter sobrevivido até a presente era, tornaram-se macroscópicas e dariam origem à objetos com propriedades similares a das cordas cósmicas. Foi então encontrado um objeto astronômico chamado CSL-1 que parecia ser a imagem de uma galáxia deformada por uma corda cósmica. Se confirmado, seria a primeira evidência experimental da teoria de supercordas (excluindo-se a hipótese de tratar-se de uma corda cósmica ordinária). O telescópio Hubble foi então apontando para o CSL-1 e os resultados acabam de ser divulgados. Trata-se apenas da imagem de duas galáxias vizinhas. Veja os comentários e fotos nos diversos blogs aqui, aqui, e aqui.
  • Grande parte da matéria do universo não é composta pela matéria que conhecemos (quarks, elétrons, neutrinos, fótons, etc.) e essa matéria de origem desconhecida recebeu o nome de matéria escura. Existem várias experiências em minas profundas tentando detectar esse tipo de matéria proveniente do espaço. Por outro lado, parece que algumas regiões do espaço comportam-se como se existisse uma grande aglomeração de matéria escura constituindo uma galáxia escura. Uma candidata a tal galáxia escura é a Virgoh1 21. Hoje, novas evidências foram apresentadas de que, de fato, Virgoh1 21 é uma galáxia formada por matéria escura. Veja aqui.
  • A energia escura é o que causa a expansão acelerada do universo. Um forte candidato para a energia escura é a constante cosmológica proposta por Einstein. Dados de supernovas coletados pelo SNLS indicam que a fonte provável da energia escura é de fato a constante cosmológica. Agora, dados de gamma rays bursts indicam que a energia escura está variando com o tempo e a hipótese da costante cosmológica deve ser descartada. Parece, entretanto, que os dados provenientes das supernovas são mais sólidos do que os dos gamma rays bursts. Leia a reportagem inteira aqui. Veja também a reportagem na NAture.
  • 09/01/2006
  • Na Folha de ontem apareceram dois artigos sobre educação que são bastante reveladores. No primeiro, A Escola dos Bilionários, Gilberto Dimenstein lembra como Harvard e Yale nasceram, através das doações de bilionários americanos, e como Bloomberg, o prefeito de Nova York, está iniciando uma campanha de doações para as escolas da cidade, na esperança de obter um terceiro mandato de prefeito! No segundo artigo, A Falência do Andar de Cima da PUC, Elio Gaspari conta como a tentativa de angariar fundos entre os ex-alunos da PUC de SP falhou miseravelmente. O que arrecadaram mal deu para pagar os custos de correio apesar da lista de ex-alunos famosos ser significativa (José Dirceu, entre eles). Isso mostra a importância que a sociedade brasileira dá para a educação e como estamos condenados a permanecer no terceiro mundo por muito tempo ainda.
  • 02/01/2006
  • In memoriam Sy.
  • 31/12/2005

    FELIZ ANO NOVO

    24/12/2005
    FELIZ NATAL ! ! !
    23/12/2005
  • Constantes não tão constantes. A teoria de cordas têm apenas um parâmetro, o tamanho da corda. Todas as outras constantes da natureza que observamos devem ser proporcionais ao valor esperado no vácuo de um campo apropriado. Portanto, não há razão para que as constantes da natureza sejam constantes, e na verdade, elas poderiam variar com o tempo. A idéia de que as constantes da natureza não sejam constantes não é nova e vários testes foram feitos para descobrir se a constante de estrutura fina tem variado com o tempo. Astronomos estão agora tentando encontrar variações na razão entre a massa do elétron e do próton e na constante da estrutura fina. Mais informações podem ser encontradas aqui.
  • No Nature de ontem também saiu um review do livro de L. Krauss, Hidding in the Mirror, escrito pelo M. Atiyah.
  • 22/12/2005
  • A educação como mercadoria. Há uma intensa pressão para que o Brasil abra as portas da educação o exterior. A globalização da educação. Muitos argumentam que isso aumentaria a qualidade das escolas brasileiras mas eu duvido muito. Nenhum país do primeiro mundo vai querer transferir conhecimentos de qualidade para o terceiro mundo. Assim como as grandes industrias não trasferem seus laboratórios de ponta para o Brasil, duvido que as escolas vão querer montar cursos de alta qualidade aqui. Estão, na verdade, interessados no imenso mercado interno da educação e visam apenas o lucro. Esse assunto foi recentemente discutido numa reunião no México onde o ministro da educação declarou que não aceitaria que a educação fosse tratada como mera mercadoria. A UNESCO lançou um documento apoiando a posição brasileira. Leia mais no Jornal da Ciência.
  • A Nature acaba de publicar um artigo de Witten, Unravelling string theory, onde a questão da unificação é discutida. O artigo é curto e conta a história do próprio Witten e o seu interesse em teorias unificadas e cordas. O tom é otimista e nenhum comentário sobre o landscape é feito.
  • Outro artigo na Nature testa experimentalmente a famosa equação E=mc² e mostra que ela é válida com a incrível precisão de 0.00004%. Deveria aparecer uma reportagem sobre este assunto no Estadão de hoje mas não a encontrei.
  • 21/12/2005
  • Mais um artigo sobre o landscape apareceu no New Scientist. Trata-se de uma entrevista com L. Susskind .
  • O modêlo padrão das partículas elementares preve a existência de partículas que não contém quarks mas apenas glúons, os portadores da força forte. Tais partículas foram batizadas de glueballs, que poderia ser traduzido por bolas de grude. O problema é que para prever as propriedades dos glueballs é necessário tratar a teoria de Yang-Mills no regime não-perturbativo e isso pode ser feito, atualmente, apenas com cálculos na rêde, e eles não são nada precisos. Tudo isso é discutido num artigo bastante interessante Long-sought particle may be found, physicist says.
  • Vitória para a ciência. O julgamento do design inteligente numa corte de Dover chegou ao final. O juíz afirma: "Intelligent desing is a religious alternative masquerading as a scientific theory and cannot be mentioned in biology classes in a Pennsylvania public school district". Os links estão disponíveis no Cosmic Variance. Para relembrar a história do julgamento veja aqui. Veja também a notícia no New Scientist.
  • 18/12/2005
  • Elio Gaspari faz um resenha do livro O Mundo é plano, de T. Friedman. O autor aponta que estamos numa segunda globalização. A primeira, na década de 90, foi a globalização financeira; agora, trata-se da globalização do mercado de trabalho promovido pela internet e pela facilidade de comunicação internacional. Reservas de voos americanos são feitas na Índia, o Louvre pode ser visitado sem que seja necessário ir à França, a Wikipedia não tem fronteiras, etc. etc.. Países como Índia e China investem pesadamente na educação, incluíndo computação e inglês. Enquanto isso, o Brasil vai ficando para trás. As escolas públicas não recebem investimento nem computadores e há propostas de tornar o ensino do espanhol obrigatório e o de inglês optativo. Para piorar as coisas, nossos educadores pregam que para promover a melhoria do ensino é necessário acabar com o vestibular pois "os supostos saberes exigidos para os exames estão condenados ao esquecimento." Que tipo de educador é este que afirma que o teorema de Pitágoras, que Casa Grande e Senzala, que o Império Romano, que as leis de Newton, que a genética, é esquecida depois do vestibular? Se nossos educadores continuarem a ditar esse tipo de política educacional vamos continuar amargando no terceiro mundo por várias gerações.
  • 15/12/2005
  • Black Thursday was the first sign of the end of a great bull market. What goes up, must come down. And come down it did. However, Black Thursday was not the nail in the coffin (that comes on Black Monday and Tuesday). In fact, Black Thursday involved a great comeback.
  • 14/12/2005
  • Mais comentários sobre o ranking das universidades apareceram na Fapesp, O clube da excelência.
  • 13/12/2005
  • Asteróide Apophis em curso de colisão com a Terra! O impacto está previsto para daqui a 31 anos! Na verdade a trajetória do asteróide ainda não é bem conhecida e há uma chance pequena de colisão na segunda vez que cruzar a órbita da Terra. No primeiro cruzamento apenas mudaria a órbita da Terra! Parece alarmista, mas é necessário que sejam feitos estudos detalhados acerca do que será feito quando uma colisão for confirmada. Mais detalhes no Guardian.
  • 09/12/2005
  • Updates sobre o livro de Susskind.
  • D. Gross argumenta, num artigo do New Scientist, Nobel laureate admits string theory is in trouble, que a teoria de cordas necessita de novas idéias. Em outras palavras, necessita saber o que é a teoria M. No editorial da revista, Physics' greatest endeavour is grinding to a halt, isso é interpretado de maneira bastante negativa. O fato da teoria de cordas não conseguir descrever a expansão acelerada do universo não significa que ela esteja incorreta, mostra apenas suas limitações atuais. As várias descobertas da teoria de cordas mostram sua riqueza e fica patente nossa falta de entendimento de seus princípios fundamentais. O que nos leva a conclusão que é necessário dispender mais esforço ainda. Comentários sobre esse assunto também apareceram no blog do P. Woit. E do L. Motl.
  • 08/12/2005
  • O livro de L. Susskind The Cosmic Landscape: String Theory and the Illusion of Intelligent Design acaba de ser lançado e promete muita polêmica. Um dos grandes problemas da teoria de cordas é mostrar que ela leva ao mundo quadri-dimensional em que vivemos, com os valores corretos dos parâmetros do modêlo padrão, da constante cosmológica e outros parâmetros cosmológicos. Isso corresponde a buscar uma solução do vácuo da teoria de cordas com as propriedades corretas. Entretanto, essa busca de vácuos têm mostrado que não existe apenas um vácuo, mas um número absurdo deles. Alguns calculam esse número e obtém algo como 10500 vácuos. Outros procuram algum mecanismo não-perturbativo que selecione um número menor de vácuos mas nenhum sucesso foi alcançado nessa direção. Temos então que conviver, por enquanto, com esse número incrível de vácuos, que formam o chamado cosmic landscape. Muitos usam esse resultado para afirmar que a teoria de cordas não tem poder preditivo, pois não é capaz de selecionar o universo em que vivemos, e portanto a teoria de cordas deve ser descartada. Pessoalmente, acho que é muito cedo para aceitar essa posição. Outros usam o princípio antrópico para justificar porque o vácuo em que vivemos é o único vácuo que poderia ser realiado na natureza. Outros ainda procuram calcular qual a probabilidade de que nosso universo esteja dentro de uma dada região do landscape. Em particular, Susskind é um dos defensores dessa última idéia e em seu livro popular ele procura justificar sua posição. Já E. Witten e D. Gross não aceitam o landscape. Também polêmico é o sub-título que menciona o DI. Aparentemente, Susskind já teve auxílio financeiro de uma das entidades que promovem o DI nos EUA. Há um perigo de que o livro seja usado pelos defensores do DI como uma prova de que cientistas sérios apoiam a idéia do DI, apesar de Susskind já ter se manifestado contra. Já há um review do livro, Life in a landscape of possibilities, escrito por M. Duff. Agora os blogs começam a comentar o livro. Os comentários de P. Woit, anti-stringista, podem ser encontrados aqui. A discussão é interessante e séria e vale a pena ler. Certamente outros surgirão e irei atualizando as referências.
    UPDATE: L. Motl fornece o link para o primeiro capítulo do livro, um review no Tech Central Station (com comentários do própio Lubos), e um outro review do George Ellis no Nature.
  • 07/12/2005
  • No Cosmic Variance há uma boa discussão sobre How many dimensions are there?, de autoria de Sean Carroll. A teoria de cordas prevê 10 dimensões mas a teoria M prevê 11 dimensões. Como isso é possível? Afinal, são 10 ou 11 dimensões? Também há um link para os slides de um seminário que ele deu em Austin sobre o mesmo tema; dê uma olhada. Alguns comentários ao post do Carroll também são muito bons.
  • 04/12/2005
  • O Physics World de dezembro traz um artigo Does God Play Dice?, onde G. t'Hooft (prêmio Nobel de 1999), E. Witten, F. Dowker e P. Davies discutem os limites da mecânica quântica. t'Hooft critica a teoria de cordas e acha que a mecânica quântica será modificada. Já Witten acha que a teoria de cordas é um passo na direção correta. Dowker e Davies defendem linhas alternativas. Entretanto, todos têm um ponto em comum: a solução passa pelo problema de conciliar a mecânica quântica e a gravitação.
  • 03/12/2005
  • A Folha publica um levantamento dos artigos brasileiros com mais de 100 citações elaborada por R. Meneghini e A. Parker da BIREME, Biomédicas dominam pesquisa de impacto. Entre 1994 e 2003 foram publicados 248 artigos que receberam mais de 100 citações. Como era de se esperar 84% desses trabalhos foram feitos em colaboração com pesquisadores estrangeitos, sobretudo americanos. A área biomédica encabeça a lista com 67 artigos, medicina com 51 e física com 41; a pior área é a engenharia. A instituição que tem mais artigos é a USP com 73, seguido da UFRJ com 26, Unicamp com 23, UFRGS com 20 e Unifesp com 15, uma ordem mais ou menos esperada. Quando se consideram as unidades ao invés de instituições, a Unifesp fica em primeiro com 15 artigos, depois a Faculdade de Medicina da USP também com 15, o Depto. de Bioquimica da USP com 10, a Faculdade de Medicina da Unicamp com 9, o Instituto de Biofísica da UFRJ com 9 e o IFUSP também com 9. A física apresenta alguns dados surpreendentes. O número de autores médio é 62. Isso significa que os artigos selecionados foram principalmente os artigos experimentais da área de física de altas energias e não é claro como o IFUSP pode aparecer nessa lista. Mencionam também um artigo de física de altas energias com 593 autores onde os grupos do Rio participam. Gostaria de encontrar o trabalho original de Meneghini e Parker. Se alguém souber onde está publicado me avisem, por favor.
  • 01/12/2005
  • Beyond Einstein, ao vivo, hoje, já está no ar.
  • O colóquio de ontem, Um sonho de Einstein: A Unificação das Leis da Física, apresentado no Convite à Física, está disponível aqui.
  • 30/11/2005
  • Censura no Blog do IFT? Até ontem havia um post com o título Manifesto de um Cidadão, que continha um desabafo do autor (que não é aluno do IFT) sobre a situação política do Brasil. Hoje o post desapareceu!
  • 29/11/2005
  • Por onde andam as ondas gravitacionais? Novos dados do LIGO não revelam nenhum sinal. Preocupante?
  • Quando R. Feynman esteve no Brasil, em 1953, deu um curso de física nuclear no CBPF. As aulas foram anotadas e deram origem ao livro Física Nuclear Teórica. As notas de aula do curso de L. Rosenfeld de física estatística, também de 1953, deram origem ao livro Classical Statistical Mechanics. Ambos foram impressos pela Editora Livraria da Física.
  • 27/11/2005
  • Lisa Randall (do modêlo de branas Randall-Sundrum) é capa da Folha deste domingo! Ela aparece ao lado de uma modêlo e de uma estudante! Uma entrevista com Lisa, uma resenha sobre seu livro (ainda sem tradução no Brasil) e um artigo sobre o LHC estão no caderno Mais.
  • 26/11/2005
  • Hayabusa aterrisa no cometa, coleta material e inicia o retorno à Terra. Deve chegar daqui há 7 meses. Mais detalhes aqui.
  • Bolsista à beira de um ataque de nervos no IFT. Funny but true!
  • 24/11/2005
  • Aparentemente a sonda Hayabusa aterrisou no cometa Itokawa e voltou ao espaço rapidinho. Leia mais aqui.
  • 23/11/2005
  • Afinal, Eistein não errou! Dados de supernovas distantes coletados pelo Supernova Legacy Survey (SNLS) mostram que a origem da energia escura é de fato a constante cosmológica, com uma precisão de 10%! A energia escura é a responsável pela expansão acelerada do Universo. Muitos mecanismos para a energia escura haviam sido propostos: constante cosmológica, quintessência, phantom, dimensões extras e outros mecanismos baseados em cordas. Os novos dados são forte evidência de que a constante cosmológica é a causa da energia escura. Leia mais aqui.
  • Entre na USP sem vestibular. No dia 20/11 mencionei a existência de uma proposta de criação de curso de licenciatura para os integrantes do MST. Hoje, no artigo Graduação na USP só para aluno assentado, Carlos Humes Jr. denuncia que esse curso poderá vir a existir sem a anuência do Conselho Universitário. Mais ainda, o INCRA vai pagar pelo curso! A coisa toda cheira muito mal.
  • Eleições diretas na USP. A eleição do reitor(a) da USP trouxe novamente à tona a discussão das eleições diretas na universidade, discussão esta que reaparece com a eleição do diretor do IFUSP no próximo mês. Vamos lembrar como tudo começou. Durante a ditadura militar era comum que reitores, diretores e chefes de departamento de universidades federais fossem nomeados mesmo sem estarem presentes na lista elaborada regimentalmente. Eram verdadeiras intervenções militares nas universidades. No final do regime militar, num esforço para que políticos inescrupulosos deixassem de usar as ferramentas autoritárias na escolha de dirigentes universitários, foi lançada a eleição direta, com a participação de professores, estudantes e funcionários, como uma forma de legitimização da lista elaborada pelos órgãos colegiados. Graças à esse esforço, hoje em dia não há mais intromissões externas e indevidas na escolha dos mandatários universitários e elas têm ocorrido dentro das normas legais. Apesar do término do regime militar, a eleição direta permaneceu como um resquício dos tempos autoritários e corre o risco de ser oficializada no projeto de reforma universitária que está sendo analisado no congresso. É bom lembrar que a eleição direta é comum nas universidades federais, onde é utilizada regularmente, e que a USP é possívelmente a única universidade pública que não a adota. Agora, depois de quase um quarto de século de prática, convém fazer um balanço de seus resultados.

    O motivo que originou a eleição direta já não existe mais. Hoje em dia, procura-se justificar sua necessidade clamando-se por uma maior participação da comunidade na escolha dos dirigentes, com a finalidade de torna-la mais democrática e, portanto, de melhor qualidade. Se assim fosse, as universidades federais, depois de quase 25 anos de eleições diretas, deveriam ter suplantado a USP, porém isto não aconteceu (de fato, a qualidade das federais aumentou muito e isso ocorreu apesar das eleições diretas). Poder-se-ia argumentar que as universidades federais não alcançaram a USP porque não possuem os mesmos recursos financeiros que USP dispõem. Porém, é bom lembrar que a UNICAMP, que dispõem proporcionalmente dos mesmos recursos da USP, e que pratica a eleição direta de longa data, não consta da lista das melhores universidades elaborada pelo Times Higher Education Supplement . A USP é a única universidade brasileira mencionada pelo Times. Além disso, se a eleição direta surtisse algum efeito positivo, porque, então, outras universidades não a adotaram? Será que a Universidade de Oxford, com mais de 900 anos de idade, ou a Universidade de Harvard, fundada em 1636, ainda não tiveram tempo para descobrir que eleições diretas as tornariam melhores e mais competentes? Não são apenas os países capitalistas que não utilizam eleições diretas. A antiga URSS possuia universidades de primeira linha e a China possui seis universidades que estão na frente do Brasil no ranking do Times. Nenhuma utiliza ou utilizou eleição direta. Afinal, eles são comunistas mas não são idiotas.

    Como vimos, não existe nenhuma relação entre eleições diretas e melhoria da universidade. Porque, então, esse assunto é tão discutido no Brasil e apenas no Brasil? A quem interessa tudo isso? Se observarmos atentamente, a eleição direta têm servido apenas para promover as pessoas que a defendem. Elas conquistaram um palanque para professar suas idéias e é necessário discernir aqueles que querem engrandecer a universidade daqueles que a querem reduzi-la à uma pequenez típica do terceiro mundo. Porisso, deve-se dar máxima atenção à atuação profissional quer daqueles que defendem, quer daqueles que são contra as diretas. Isso é fácil para os professores pois estes conhecem-se mutuamente. Já para os estudantes e funcionários, é um pouco mais complicado. Na sala de aula é fácil ter uma idéia da competência do professor enquanto professor. Já a competência profissional é muito mais difícil de avaliar. Com essa finalidade, aqui vão algumas dicas para os estudantes. Vá até a homepage dos departamentos e verifique se o professor é livre-docente ou titular. É necessário escrever uma tese original para a livre-docência e submeter-se à uma banca para tornar-se titular. São tarefas árduas que nem todos conseguem encarar. Outro indicador importante é saber se o professor possui bolsa de produtividade em pesquisa do CNPq, um reconhecimento da comunidade ao trabalho por ele desenvolvido. Essa informação está disponível no próprio CNPq. O nível mais alto é 1A e o mais baixo é o 2, e não possuir uma bolsa é bastante revelador. Voce pode aproveitar para olhar o currículo Lattes de seu professor e ver quantos alunos ele orientou e orienta, quantos artigos publicou, se continua ativo, enfim, ter uma idéia de sua carreira. Isto também pode ser feito no CNPq. Outra informação importante é a participação em Projetos Temáticos da Fapesp, Pronex, Institutos do Milênio, e outros projetos que envolvam uma avaliação externa. Essas informações são mais difíceis de serem obtidas mas frequentemente constam do currículo Lattes. Desconfie sempre daqueles que criticam ou mostram-se avesso às avaliações, pois estes são os verdadeiros inimigos de uma universidade competente. Finalmente, é bom saber o que e onde seu professor publica. Para isso basta consultar o Web of Science e procurar em "General Search". Voce vai descobrir onde seu professor publica. As melhores revistas são aquelas que tem um alto fator de impacto. Como um guia, a média do fator de impacto dos Physical Review, de A até E, é 3.5. O fator de impacto pode ser encontrado aqui.

    A única justificativa para eleições diretas é sua capacidade de contribuir para a edificação de uma universidade de qualidade, mais competitiva e de inserção internacional, e a experiência brasileira mostra que isso jamais ocorreu. Qualquer outra justificativa serve apenas para alavancar motivos mesquinhos que visam o engrandecimento pessoal e não o da universidade. Procure informações sobre quem apoia e quem não apoia as eleições diretas. E pense bem antes dar seu suporte à qualquer movimento pelas diretas na USP pois seus filhos correm o risco de vir a cursar uma universidade de qualidade inferior àquela que voce frequenta atualmente.

  • 21/11/2005
  • Veja uma foto do asteróide Itokawa tirada pela sonda Hayabusa. Nova tentativa de aterrisagem será tentada em alguns dias.
  • 20/11/2005
  • Hayabusa não consegue aterrisar no asteróide.
  • O ministro da educação promete tornar o Enade um dos instrumentos de avaliação institucional dos cursos superiores. A proposta soa correta em teoria. Resta saber se isso ocorrerá na prática. Deve-se sempre lembrar do grande poder que o ensino privado exerce no MEC. Veja o artigo do ministro.
  • Voce gostaria de fazer um curso na USP sem ter que prestar o vestibular? Então entre no MST! Após sua filiação, basta escrever um memorial e fazer uma prova oral para depois de quatro anos ganhar um diploma de licenciatura plena com autorização para atuar nas áreas de magistério do ensino médio, da educação infantil e do ensino fundamental. Veja a reportagem sobre a proposta desse curso aqui. Veja também os comentários de Paulo Renato Souza, ex-reitor da Unicamp e ex-ministro da educação de FHC. O que pensa a futura reitora da USP? Será este o primeiro sinal de que a USP irá optar por avaliações que ignoram completamente o mérito e a qualidade?
  • 19/11/2005
  • Os raios cósmicos que permeiam o universo devem perder parte de sua energia devido às colisões com a radiação cósmica de fundo. Deve, portanto, haver uma queda brusca no número de raios cósmicos de altíssimas energias, e isso é conhecido como o limite GZK (GZK são as iniciais dos proponentes originais dessa idéia). As observações de tais raios cósmicos têm fornecido dados conflitantes; alguns confirmando a existência do limite, outros negando. O Observatório Pierre Auger, construído na Argentina, com a participação de brasileiros, vai estudar os raios cósmicos e deve dar a palavra definitiva sobre a existência do limite GZK. Recentemente houve uma conferência para discutir os resultados obtidos até agora e uma reportagem apareceu na Folha.
  • Hoje os japoneses vão tentar pousar a sonda Hayabusa num asteróide para coleta de material. Uma foto do asteróide onde se vê a sombra da sonda pode ser vista aqui.
  • A China está investindo este ano mais de 10 bilhões de dolares na educação superior. Hoje, vinte por cento dos chineses tem curso superior, e pretendem continuar a aumentar significativamente o número chineses formados nas áreas de ciência e tecnologia. Eles pretendem ter universidades do nível de Harvard daqui há 10 anos e para isso contratam chineses famosos formados no exterior. Leia a reportagem completa aqui. A China passou definitivamente o Brasil para trás.
  • 18/11/2005
  • Beyond Einstein: um show ao vivo pela internet em comemoração ao Ano Internacional da Física. Será transmitido pelo CERN no dia 1 de dezembro, com conexões ao vivo com os principais laboratórios do mundo e a participação de vários ganhadores do prêmio Nobel. Não perca!
  • 11/11/2005
  • Os alunos do curso de Ciências Moleculares acabam de lançar a Revista Ciências Moleculares. O primeiro número está muito bom.
  • DI na Pennsylvania. Uma notícia no Cosmic Variance informa que em Dover, na Pennsylvania, a mesma cidade em que os pais estão processando as escolas por ensinarem o design inteligente como se fosse ciência, houve uma eleição para o school board (um comitê de assessores para os encarregados da educação na cidade). Todos os membros anteriores, que haviam votado à favor de incluir o DI no currículo escolar, perderam a eleição! Um bom sinal, pois indica que o resultado do julgamento a ser divulgado em janeiro deverá ser contra o DI.
  • Será que perdemos o Higgs no LEP? J. Distler comenta sobre um trabalho de Dermisek e Gunion , que explora o modêlo padrão supersimétrico NM (next to minimal) no qual o Higgs teria uma massa de 105 GeV. Se isso for verdade, os sinais encontrados no LEP logo antes de seu fechamento seriam verdadeiros.
  • O lucro das universidades privadas. No dia 4/11 comentei um artigo da Folha em que as universidades privadas reclamam que os alunos não têm como pagar as mensalidades. Eis que aparece um artigo de Carolina Mandl no Valor Econômico, Ensino superior dá lucro e tem dívida baixa, onde aponta a alta lucratividade das universidades particulares. Apenas um trecho do texto: ""Esse é um dos setores mais lucrativos da economia brasileira", afirma Ryon Braga, presidente da Hoper. Esse resultado, de acordo com Braga, se deve ao investimento baixo (sala de aula, laboratórios e professores) e às classes cheias, que diluem os custos já pequenos. O maior gasto de uma instituição de ensino superior é com professores, que absorvem cerca de 55% das despesas totais." É preciso dizer mais? Mais adiante, nesse mesmo artigo, voce vai encontrar as inúmeras bobagens que os defensores do ensino privado tentam disseminar.
  • 09/11/2005
  • Novo blog de física em português. Os alunos do IFT (Instituto de Física Teórica) lançaram o Blog do IFT, com muita coisa interessante.
  • ID vence no Board of Education de Kansas. Por 6 à 4, o equivalente da secretaria da educação de Kansas decretou que existem dúvidas sobre a teoria da evolução de Darwin e que explicações divinas para a evolução são aceitáveis. Será o início do declínio do poderio americano? Enquanto isso, o julgamento na Pennsylvania sobre o ID continua. A decisão do juíz deve ser anunciada no início de janeiro. Quando essa moda vai pegar no Brasil?
  • 08/11/2005
  • Krauss is back! Depois da entrevista de Lawrence Krauss, noticiada abaixo em 29/10/2005, aparece hoje um artigo no New York Times com o título Science and Religion Share Fascination in Things Unseen, sobre o ID e teoria de cordas. As reações foram imediatas. Veja L. Motl e M. Trodden e os comentários de Lee Smolin, Sean Carroll e P. Woit no último blog.
  • Ainda sobre o princípio antrópico e o landscape na teoria de cordas. Steven Weinberg colocou na rede um paper bastante polêmico Living in the Multiverse. Ele argumenta que devemos abrir mão de calcular os parâmetros do modelo padrão na teoria de cordas em analogia com nossa impossibilidade de calcular o tamanho relativo das órbitas planetárias. E por aí justifica o landscape. Muito conformismo...
  • 06/11/2005
  • Eleições e qualidade na USP. Enquanto os candidatos a reitor da USP debatem e discutem a inserção da USP no panorama internacional, o Higher Education Supplement do Times publica o ranking das 200 melhores universidades do mundo . Poderíamos discutir se os critérios utilizados para classificar as universidades são apropriados ou não, mas de qualquer forma, a listagem fornece uma visão bastante abrangente e reveladora. Como sempre, as universidades americanas ficaram na frente, Harvard e MIT nos primeiros lugares, seguido das inglesas Cambridge e Oxford. Das universidades brasileiras, apenas a USP aparece, e na 196a. posição, situação bastante preocupante. Só outra universidade da América Latina foi classificada, a UNAM, do México, em 95o. lugar, bem acima da USP. A China aparece 6 vezes, a primeira na 15a. colocação! E é claro, outros países em desenvolvimento como Índia, Coréia e Singapura aparecem antes da USP. Há, portanto, muito trabalho para o próximo reitor(a) se sua preocupação for aumentar a projeção internacional da USP.

    Num tom mais otimista, a Folha de São Paulo publicou em seu caderno Mais deste domingo o artigo Prata da casa onde apresenta cinco jovens cientistas brasileiros com destaque internacional. São pesquisadores com menos de 35 anos e que tiveram seus trabalhos publicados em revistas renomadas como Science ou Nature. Alguns trabalham aqui e outros no exterior mas todos graduaram-se no Brasil. Chama a atenção o fato de que quatro deles concluiram o doutorado no exterior e apenas um no Brasil, na USP, refletindo claramente o ranking do Times.

    Convém observar que a USP não realiza eleições diretas para reitor nem para outros cargos administrativos, assim como as demais 199 universidades listadas pelo Times. Coincidência? Óbvio que não. Isto é uma clara demonstração que ela está no caminho correto, caminho este que as outras universidades públicas brasileiras deveriam seguir para aumentar sua participação no cenário internacional. Cabe agora ao futuro reitor(a) saber manter o rumo da USP e aos proponentes da reforma universitária aproveitar essa experiência, principalmente no que concerne à eleição dos dirigentes universitários.

  • Qualidade da educação e desenvolvimento. Mencionei acima o ranking das Universidades apresentado pelo Times e a posição do Brasil entre as 200 melhores universidades do mundo. Qual a causa deste atraso? Porque todos os govêrnos priorizam a educação apenas no discurso e nada fazem na prática? Alguns artigos apareceram comentando o ranking do Times: no Estadão e na Folha . E indo na contra-mão da qualidade do ensino, o MEC acabou com o provão e o substituiu pelo ENADE, aplicado neste final de semana. Bem ou mal, o provão era uma forma de avaliar e diagnosticar a qualidade das universidades brasileiras, públicas e privadas. Mas a turma dos medíocres, aliados às universidades privadas, venceram novamente, e o ENADE será utilizado apenas para diagnosticar o ensino superior. Não haverá mais classificação das universidades. Uma discussão sobre quem ganha com isso foi feita por Hélio Gaspari . Num outro artigo, Gilberto Dimenstein analisa a relação dos cursos mais procurados da Fuvest. A engenharia e as licenciaturas estão em baixa enquanto os cursos da área de comunicação estão em alta. Que país pode almejar um desenvolvimento tecnológico sem engenheiros, sem professores e sem cientistas?

  • 04/11/2005
  • Universidades privadas dão um grito de alerta sobre a educação! E adivinhem qual o principal problema na visão deles? Os estudantes não podem pagar as mensalidades! Incrível, mas isso foi publicado na Folha de hoje . Argumentam que a mensalidade média é de R$ 425 e que os alunos da classe C e D só aguentam o pagamento de R$ 180. Os alunos das classes A e B não contam pois estariam todos em universidades públicas! Também informam que um aluno de universidade pública custa $11 mil por ano, o dobro da universidade privada; se isso for verdade, então educação de qualidade não sai tão caro quanto falam por aí. Dizem, também, que a universidade deveria ser dissociada da pesquisa (entenda-se: não seria necessário a contratação de doutores) e que o ensino à distância deveria ser incentivado (entenda-se: contratação de menos professores). Deixam bem claro que a qualidade não importa, o que os incomoda é o fluxo de caixa!
  • O primeiro paper de Einstein nos archives! Sobre supercondutividade: physics/0510251 .
  • 02/11/2005
  • Um artigo bastante interessante de S. Weinberg sobre os "erros" de Einstein apareceu no Physics Today de Novembro. Os "erros" são: a constante cosmológica, a interpretação da mecânica quântica e a teoria unificada.
  • 31/10/2005
  • Veja o buraco negro no centro de nossa galáxia . Um filme foi composto com as fotos de várias estrelas no centro da Via Láctea que orbitam ao redor de uma estrela invisível.
  • Uma introdução histórica sobre a teoria dos nós, sua motivação física, e os vários físicos que contribuiram, pode ser encontrada aqui.
  • 29/10/2005
  • Lawrence Krauss, autor do livro Hiding in the Mirror (sobre dimensões extras e cordas), deu uma entrevista em que teve que explicar porque a teoria de cordas é ciência e o design inteligente não é. Alguns blogs comentaram a resposta e discussões interessantes aconteceram. Veja aqui e aqui .
  • O design inteligente em Kansas. Assim como outros estados, Kansas está modificando o currículo escolar para ensinar aos alunos a noção falsa de que a teoria da evolução de Darwin é algo controverso. Além disso, tentam modificar a definição de ciência de forma a não ficar restrita a fenômenos naturais. Isso abre a porta para que a superstição seja ensinada em pé de igualdade com a ciência. A National Academy of Sciences e a National Science Teachers Association estão agora negando ao estado o uso de seu material educacional . Com isso os alunos de Kansas ficarão em desvantagem com relação aos alunos de outros estados pois esse material, que agora não pode mais ser usado, serve de standard para a confecção de testes de avaliação. Entretanto, não se espera que o estado volte atrás.
  • 28/10/2005
  • Como manter os quatro pés de uma mesa em contacto com o chão . Um físico de partículas demonstra matematicamente que a solução mais simples é rodar a mesa até encontar o equilibrio!
  • Ultrasom com velocidade superior à velocidade da luz? Isso é possível desde que estejamos nos referindo à velocidade de grupo do som e não à velocidade de fase. Dessa forma a causalidade é preservada. Há uma proposta para criar ultrasom superluminal num meio constituído de água e esferas de plástico.
  • 24/10/2005
  • Eleições para reitor na USP. Nada mais deprimente. E-mails e mais e-mails, cartas e mais cartas dos candidatos pedindo votos. Muitas promessas e planos de ação. Sabe-se lá quais são os compromissos desses candidatos.

    Felizmente a USP é tão grande que o reitor não faz muita diferença. Muitas vezes ele passa sua gestão inteira completamente despercebido. Isso não significa que não possa causar mal. Basta ter um reitor descompromissado com a qualidade para que entremos em declínio. Esse é o grande perigo para a USP.

    Por enquanto, ela é a única universidade pública brasileira em que não há eleições diretas para reitor. Exatamente como nas melhores universidades do mundo. Entretanto, a associação dos docentes impetrou um mandato de segurança para impedir a eleição nos moldes atuais. Querem eleições diretas pois é a única maneira de pessoas sem qualificação acadêmica poderem almejar o posto de reitor. O popularismo e o movimento político-sindical vão ganhar peso e a academia será esmagada bem ao gosto dos países subdesenvolvidos. Até quando a USP resistirá?

  • 21/10/2005
  • Matéria escura no Economist. Nem bem acabei de mencionar a possibilidade de que os efeitos da matéria escura e da energia escura pudessem ser gerados por efeitos não-lineares da relatividade geral, eis que o Economist publica um artigo Much ado about nothing sobre a energia escura. Tratam do trabalho astro-ph/0507619 onde efeitos não-lineares da relatividade geral são incluídos nas curvas de rotação das galáxias.
  • 20/10/2005
  • Julgamento do DI iniciado. Um grupo de pais de alunos de uma escola da Pennsylvania entrou na justiça contra a escola acusando-a de ensinarem o design inteligente com uma teoria científica. O advogado da escola trouxe um bioquímico para defender o DI. Ele concorda que o DI não preenche as condições necessárias para ser uma teoria científica conforme a definição adotada pela National Academy of Sciences, e diz como uma teoria científica deveria ser definida. De acordo com sua definição até a astrologia poderia ser considerada como científica! Um relato pode ser encontrado aqui . O julgamento continua em novembro.
  • 18/10/2005
  • Algo que sempre vem à mente quando se discute matéria escura e energia escura é se realmente precisamos postular a existência desses objetos exóticos. Afinal de contas, usamos as soluções mais simples da equação de Einstein para descrever o movimento das estrelas numa galáxia e a expansão do Universo. Talvez essas não seriam as soluções corretas e possivelmente efeitos não-lineares pudessem explicar os fenomenos que levaram a proposição da matéria escura e da energia escura. Há uma discussão muito boa sobre esse assunto feita por Sean Carroll em Escape from the clutches of the dark sector? onde comenta as propostas que apareceram recentemente nessa direção.
  • 17/10/2005
  • Educar é simples, educar com qualidade é outra história.

    É bastante positivo que as diferentes visões sobre a educação no IFUSP sejam apresentadas e contrapostas. Uma delas, Aula bombom e o prêmio Nobel , apareceu no Bifusp No.29 deste ano e uma outra, Aula bombom e o prêmio Nobel: Educar é simples? , no Bifusp No.31.

    Bastante revelador este último. Colegas ficaram incomodados com o fato de que no primeiro texto eu tenha abordado apenas um aspecto do problema educacional, o mais importante deles, o da qualidade. Apesar de meus comentários terem sido escritos de forma clara e direta eles procuraram interpretações ocultas e inexistentes e não compreenderam o cerne do exposto. A mensagem é simples: se quizer tornar-se um físico bem qualificado trabalhe muito, dentro e fora da sala de aula; valorize os professores que instigam sua curiosidade, que exigem que voce pense e que o forçam a trabalhar. Tornar-se um bom físico (de fato, um bom profissional em qualquer área) é árduo, muito árduo.

    O curioso é que as onze lições do meu texto foram reescritas pelos colegas de maneira suave e amena, como se estivessemos vivendo num mundo ideal e imaginário. Isto é simplesmente a confirmação do que escrevi: os estudantes não são preparados para a vida real. Afinal de contas, voce prefere um professor que afirme: "A vida não é fácil, acostume-se com isso", ou um educador que professe: "Viver é resolver problemas. Vamos juntos aprender a enfrentá-los"? Voce acha que tal educador estará junto de voce, fora da escola, para enfrentar os seus problemas? Além disso, voce não prefere um professor competente, que saiba de antemão as dificuldades a serem encontradas, a um educador que vai aprender a resolver os problemas junto com voce?

    Os colegas não só não captaram a essência do meu texto como demonstraram que meus comentários estão corretíssimos. Para finalizar, é bom lembrar as palavras de Einstein, "a tarefa essencial do professor é despertar a alegria de trabalhar e de conhecer", e seguir o conselho de Paulo Freire, "deve-se dizer não àquela educação que domestica e acomoda".

    E garanto, não há mensagens ocultas neste texto!

  • 16/10/2005
  • Robert B. Laughlin, prêmio Nobel de física de 1998, é bastante conhecido pelos seus ataques aos físicos de partículas, em particular aos que trabalham em teoria de cordas. Ele não acredita na física reducionista e recentemente publicou um livro A Different Universe: Reinventing Physics from the Bottom Down sobre o assunto. Leia a crítica feita por L. Motl, que trabalha em cordas, no Amazon.com: Shallow ideas & deep misunderstandings. Leia logo antes que seja removida. A Amazon.com frequentemente remove críticas que não recomendam a compra do livro.
  • O índice h chega ao grande público. A forma usual de avaliar a produção científica de um cientista é contar o número de trabalhos do qual participou e contar o número de citações dos seus trabalhos. Entretanto, quando se comparam cientistas de áreas diferentes ou de idades diferentes, esses números podem não ser significativos. Por exemplo, espera-se que um cientista mais velho tenha mais trabalhos que um mais novo. Ou que uma área que tenha mais pessoas trabalhando produza naturalmente um maior número de citações para os cientistas da área. Em algumas situações pode-se ter apenas um trabalho com muitas citações distorcendo a contagem de citações. Para sanar alguns desses problemas J. E. Hirsch propos em physics/0508025 um outro indicador para avaliar a produção científica, o índice h: o número de trabalhos com mais de h citações. Por exemplo, na física, E. Witten tem o maior índice h, h = 110, isto é, tem 110 trabalhos com pelo menos 110 citações cada. Uau! De fato, isto permite comparar cientistas da mesma área e com idades parecidas. Não mais que isso. Além disso, deve-se tomar cuidado com trabalhos que envolvem muitos cientistas, como nos grandes grupos experimentais. O índice h, nesse caso, é o índice do grupo e não de um pesquisador individual. O índice h já caiu na boca do povo. Marcelo Leite, no caderno Mais da Folha deste domingo, escreve sobre o Nobel e o índice h . O Spires também já adotou o índice h para sua base de dados. Para descobrir seu índice h no Spires escolha o formato Cites Summary; ele aparece na parte inferior dos resultados. Entretanto, o "valor oficial" de h deve ser obtido no Web of Science. Após obter a relação de seus trabalhos publicados voce deve pedir para que eles sejam ordenados por Times Cited. Depois é só contar para descobrir seu h.
  • 14/10/2005
  • Hoje apareceu na rede um artigo de A. Zee physics/0510102 que vai gerar muita polêmica. Ele mostra como poderíamos encontrar uma mensagem enviada pelo Criador a todos os habitantes do Universo!!!. Essa mensagem estaria codificada na radiação cósmica de fundo! O paper está muito bem escrito, é muito engraçado e de fácil leitura. Porém, acho que é um prato cheio para os criacionistas. Como todos sabem, há uma forte onda nos EUA para que o criacionismo seja ensinado nas escolas como algo que tem uma base científica comprovada. O que fazem, de fato, é trocar a palavra Deus por Inteligent Design, de forma a esconder o carater religioso da proposta. Trata-se, na verdade, de uma tentativa da extrema direita evangélica, com forte apoio de Bush, para implementar o ensino religioso obrigatório nas escolas. Existe até uma fundação que financia pesquisas (pseudo) científicas que defendem o design inteligente, o Discovery Institute . Alguns cientistas famosos que aceitaram doações desse instituto foram fortemente criticados pelos colegas. Poderíamos pensar que se trata de um problema que não nos afeta. Mas temos que nos lembrar que há pouco tempo a governadora do Rio, que é evangélica, tentou implementar o ensino religioso obrigatório nas escolas estaduais, defendendo o criacionismo. Se a moda pega, aí é que o Brasil não sai mais do clube dos subdesenvolvidos. Um artigo interessante sobre o design inteligente apareceu recentemente no New Scientist .
  • 13/10/2005
  • Alguns meses atrás H. Nicolai num trabalho de revisão muito interessante sobre loop quantum gravity hep-th/0501114 aponta para um problema que parece não ser muito conhecido. Sabe-se bem que a quantização perturbativa da relatividade geral produz um número infinito de tipos de divergências ultravioletas. É necessário introduzir um contra-termo para cada tipo de divergência e a parte finita desses contra-termos deve ser fixado experimentalmente. Isso significa que necessitamos de um número infinito de dados experimentais para determinar a teoria quântica, tornando-se impossível fazer qualquer previsão. Esse é o problema da renormalização da relatividade geral. O que é menos conhecido é que em loop quantum gravity há um problema parecido quando as holonomias são regularizadas. É necessario escolher uma representação unitária de SU(2) e há um número infinito delas que são caracterizadas por um inteiro m. O pessoal da área prefere chamar de ambiguidade-m. Note que não se trata de um problema no ultravioleta. Mas no final, tem as mesmas consequências, pois seriam necessárias infinitas experiências para fixar essa ambiguidade. Recentemente apareceu um trabalho de A. Perez gr-qc/0509118 que discute esse problema. Ele faz uma discussão bastante detalhada e diz que um problema análogo ocorre quando se considera teorias de gauge não-abelianas na rede. Ele estuda em detalhe o caso em 2+1 dimensões mas no final faz uma escolha física para m. O caso em 3+1 dimensões não é conclusivo devido ao problema na definição do produto interno. A impressão que fica é que loop quantum gravity sofre de um mal análogo ao da relatividade geral.
  • Mais sobre Loops 05 aqui . Veja também os vários comentários, inclusive os de Lee Smolin.
  • 12/10/2005
  • Ontem foi ao ar pela televisão o filme Einstein's Big Idea , um documentário romanceado sobre E=mc². Veja o trailer, parece ser muito bom. Há muitos comentários sobre o filme de duas horas, basta procurar no Google.
  • S. Hawking lançou seu novo livro A Briefer History of Time . Aparentemente traz muito mais discussões sobre teoria de cordas e teoria M do que o livro anterior. Uma entrevista para promover o livro pode ser lida aqui.
  • 11/10/2005
  • A conferência Loops 05 sobre loop quantum gravity está acontecendo em Potsdam na Alemanhã. R. Helling está ao vivo em seu blog enviando informações: dia 10 e dia 11 .
  • 10/10/2005
  • Escute o próprio Einstein explicando E=mc² aqui .
  • Existem vários textos de física muito bons disponíveis na rêde. I. Bars tem um de Mecânica Quântica . Na semana passada, L. Alvarez-Gaumé colocou um de Teoria Quântica de Campos . G. t'Hooft tem vários textos disponíveis: Teoria Quântica de Campos , Relatividade Geral , e Teoria de Cordas .
  • Voce sabe distinguir um cientista sério de um picareta? G. t'Hooft, que havia lançado uma página dando dicas de Como ser um bom físico teórico , agora inaugura uma nova página mostrando Como ser um físico teórico ruím . Dê uma olhada e veja se voce reconhece alguém com as características que ele descreve.
  • 09/10/2005
  • Porque vivemos em 4 dimensões? Karchal and Randall mostram em hep-th/0506053 que num universo em 10 dimensões, o processo de aniquilação de branas e anti-branas diferencia diferentes tipos de branas. As 3-branas e as 7-branas não se aniquilam tão rápido quanto as demais. Isso pode ser um passo importante em explicar porque vivemos em 4 dimensões. Isso foi notícia no Economist desta semana!
  • 06/10/2005
  • Uma nova revista de física acaba de ser lançada, a Nature Physics , um filhote da renomada Nature. Na secção News and Views traz uma reportagem sobre dimensões extras e partículas elementares.
  • 04/10/2005
  • O prêmio Nobel de Física de 2005 foi para a área de óptica quântica. Mais informações aqui.
  • LIGO, o detector de ondas gravitacionais que usa lasers, ainda não achou nada, desta vez após funcionar 385 horas.
  • 03/10/2005
  • Brian Greene escreveu um bom artigo sobre E=mc² no New York Times.
  • O New York Review of Books publicou um texto de Freeman Dyson sobre Feynman. Vale a pena ler.
  • Z. Bern é conhecido pelos seus cálculos de amplitudes em teorias de gauge usando resultados obtidos com o cálculo de amplitudes em teoria de cordas. Ele deu um seminário muito bom em Santa Bárbara onde enfatiza as semelhanças entre a teoria de gauge com N=4 supersimetrias e a teoria de supergravidade com N=8. A teoria com N=4 é finita no ultra-violeta. Por outro lado, o cálculo de loops em teorias de supergravidade são muito mais difíceis. Sabe-se que a supergravidade com N=8 tem um contra-termo supersimétrico ao nível de 3 loops mas ninguém sabe se ele realmente existe. Para isso, é necessário um cálculo explicito da amplitude. Bern afirma que a estrutura de twistors apontada por Witten nas teorias de gauge supersimétricas também estaria presente nas teorias de supergravidade. Isso significa que a supergravidade com N=8 também seria finita! Fantástico se for verdade.
  • 30/09/2005
  • Google print e teoria de cordas. Google print é a nova máquina de busca da Google. Ela faz busca de palavras em livros e quando possível mostra as páginas dos livros encontrados (para ver as páginas é necessário ter uma conta no Gmail, que é de graça). Uma pesquisa sobre livros de teoria de cordas retorna 175 livros, entre eles o Polchinski, Zwiebach, Siegel e GSW. A maioria deles tem páginas que podem ser acessadas pelo Google.
  • 29/09/2005
  • Voce pode encontrar uma cópia do artigo em que Einstein descobre E=mc² aqui.
  • Landscape em teoria de cordas é um assunto extremante controverso. Usa-se o princípio antrópico para se tentar encontrar vácuos da teoria de cordas que seriam universos em que a vida fosse possível. Dessa forma, encontra-se um número extraordinariamente grande de soluções o que leva algumas pessoas a afirmarem que esse tipo de raciocínio não tem poder preditivo e deve ser descartado. Na conferência de cordas de 2005, em Toronto, foi um dos assuntos que mais causou polêmica. Hoje, C. Vafa posta um artigo hep-th/0509212 no qual tenta obter limites sobre o rank dos grupos de gauge no landscape. Nem bem o artigo veio à luz e já há comentários fervorosos aqui e aqui e possívelmente outros aparecerão. E mais um comentário aqui .
  • 27/09/2005
  • O Scientic American publica um artigo com a história do modelo de Randall-Sundrum , no qual nosso universo quadri-dimensional é uma brana imersa em 10 dimensões, explicando porque a força gravitacional é tão fraca.
  • Aula bombom e o prêmio Nobel. A Folha publicou no caderno Sinapse de hoje vários artigos sobre uma crise anunciada na educação: a falta de professores qualificados. Um dos artigos, entitulado "Aula Bombom" , chama a atenção. Um ex-professor de matemática explica porque abandonou a profissão: "propor pesquisas, leituras e desafios, fora ou dentro da sala de aula, tornou-se heresia. O aluno deve entrar e sair sabendo tudo o que foi dito, o que nos leva a falar pouco e do jeito mais simples e a evitar a necessidade de maturação e reflexão." Mais adiante, ele acrescenta: "propor reflexão, labor, leitura, nem pensar. Aula tem de ser bombom: você abre, dá duas mordidas e fim. O professor cumpre sua "missão" e o aluno sai sabendo. Propunha que discutissem temas, lessem textos em sala e fora dela. Isso foi considerado "não explicar a matéria". Sugerir que pensassem na resposta ou que a procurassem nas anotações foi interpretado como "se negar a responder as dúvidas do aluno"."
    Essa é a nossa realidade. Educadores convenceram grande parte das escolas, pais e alunos de que isso é formação de qualidade. Felizmente, nem todos compartilham dessa opinião. Charles J. Sykes, em seu livro "Dumbing Down Our Kids: Why American Children Feel Good about Themselves, but Can't Read, Write, or Add" (St. Martin's Press, 1995) lista onze lições que as escolas deveriam ensinar mas não o fazem:
    1) A vida não é fácil, acostume-se com isso.
    2) O mundo não está preocupado com sua auto-estima. O mundo espera que você faça alguma coisa útil antes de voce sentir-se bem consigo próprio.
    3) Você não ganhará $40.000 por mês assim que sair da escola. Você não será vice-presidente de uma empresa com carro e telefone à disposição, antes que você consiga comprar seu próprio carro e telefone.
    4) Se você acha que seu professor é duro espere até ter um chefe. 
    5) Vender hamburguers não é indigno. Seus avós têm uma palavra diferente para isso: eles chamam de oportunidade.
    6) Se você fracassar não culpe seus pais e não fique lamentando seus erros, aprenda com eles.
    7) Antes de você nascer seus pais não eram tão chatos como agora. Eles só ficaram assim por pagarem suas contas, lavarem suas roupas e ouvirem você dizer o quanto voce é legal.  Portanto, antes de salvar as florestas tropicais dos parasitas que apareceram na geração de seus pais, tente limpar seu próprio quarto.
    8) Sua escola pode ter eliminado a distinção entre vencedores e perdedores, mas a vida não é assim. Em algumas escolas você não repete mais de ano e tem quantas chances precisar até acertar. Isto não se parece com absolutamente nada da vida real.
    9) A vida não é dividida em semestres. Os verões não são sempre livres e poucos empregadores estão interessados em ajuda-lo a se encontrar. Voce terá que fazer isso sózinho.
    10) A televisão não é vida real. Na vida real, as pessoas têm que deixar o barzinho e ir trabalhar.
    11) Seja legal com os CDFs. Há uma grande chance de você vir a trabalhar para um deles.
    E nós, o que ensinamos aos nossos alunos? Como estamos preparando-os para vida após a formatura? G. t'Hooft, prêmio Nobel de Física de 1999, traz em sua homepage uma série de recomendações para estudantes tornarem-se físicos de primeira categoria. Além de insistir no estudo detalhado de assuntos básicos de física e matemática e na resolução de exercícios de todas as maneiras possíveis, que vale também para os alunos de licenciatura, ele é categórico sobre um ponto: evitem as aulas bomboms! 26/09/2005
  • Dirac era um geometra? Era o que ele se considerava! Veja uma discussão sobre o assunto na Nature e comentários adicionais aqui .
  • Voce quer ganhar um premio Nobel em física teórica? A receita está aqui. Ela foi elaborada por G. t'Hooft, ganhador do premio Nobel de 1999. Se voce pretende fazer o curso de física ou já está fazendo, vale a pena dar uma olhada. Se voce está na pós-graduação de uma olhada também. Há muitas dicas importantes.
  • Aparentemente o filme {Proof} , que conta a história da filha de um matemático, consegue retratar os cientistas como seres humanos normais. Leia alguns comentários.
  • 25/09/2005
  • Recursos públicos para a educação. O governo FHC sempre vendeu a imagem de que se aplicava demais no ensino superior em detrimento do ensino fundamental. Ao final de seu governo, com o custeio das universidades federais reduzido a mais da metade e com o qudro de professores universitários reduzido, não se constatou melhoras significativas no ensino público fundamental nem no médio. Como sempre, retirar recursos de uma área não garante que será utilizado em outras áreas mais carentes. O governo Lula parece estar muito mais ciente desse problema. O artigo do ministro da educação , publicado na Folha demonstra uma visão surpreendemente clara desse e de outras dicotomias criadas anteriormente. Passos iniciais foram dados para sanar esses problemas. Resta saber se terão continuidade.
  • Novas apostas para o Nobel de Física. Em teoria de campos o mais forte candidato é a descoberta das anomalias por Adler, Bell e Jackiw; em partículas elementares, Glashow, Iliopoulos e Maiami pelo mecanismo GIM ou Kobayashi e Maskawa pela mistura de quarks e violação CP; e em cosmologia, Alan Guth pelo modêlo inflacionário. Em outras áreas também há muitos candidatos fortes. Vamos aguardar.
  • 23/09/2005
  • O Voyager 1 lançado em 1977 e já fora do sistema solar continua enviando dados. Suas fotos magníficas e dados precisos mudaram nossa compreensão do sistema solar no final da década de 70 e início de 80. Agora, quatro trabalhos publicados na Science descrevem as últimas descobertas. A Voyager 2 deve chegar à mesma região em alguns meses.
  • Esta semana faz exatamente 100 anos que a equação E=mc² foi publicada. Veja o status atual da equação do ponto de vista da cosmologia aqui (é necessário ser assinante da revista).
  • 22/09/2005
  • Institutos do Milênio. Hoje foi divulgado a relação dos projetos aprovados no Programa Institutos do Milênio de 2005. Das 236 propostas apresentadas foram selecionados 34 projetos. O número de propostas é expressivo e demonstra a demanda de vários grupos muito bem qualificados. Sem dúvida, a comissão encarregada de julgar as propostas teve um enorme trabalho ao analisar todo esse material. Na área de ciências exatas e biológicas nota-se que a grande maioria dos projetos aprovados premiam propostas em ciência aplicada. Na Física, em particular, nenhum projeto em física básica foi contemplado e conheço vários grupos que submeteram tais projetos. É claro que para termos ciência aplicada de alta qualidade é necessário termos ciência básica de alta qualidade. Acredito haver um consenso sobre isso, inclusive entre os dirigentes das agências de fomento. Portanto, não compreende-se porque projetos que tratam de ciência básica não foram aprovados, pois faz-se ciência básica de muito boa qualidade no Brasil. Por outro lado, não há nada de errado em se destinar recursos exclusivamente para as ciências aplicadas. Porém, isso deve ficar explícito para que não se perca tempo e energia na elaboração de projetos que estão condenados de antemão.
  • 21/09/2005
  • O perigo de apenas contar citações. A ISI Web of Knowledge, responsável pela contagem de citações de artigos publicados, está fazendo uma previsão para o prêmio Nobel de 2005 baseado no número de citações que os artigos recebem. O incrível é que o trio Green, Schwarz e Witten, os autores mais citados em supercordas, estão na lista de candidatos ao Nobel de física. Aparentemente seus trabalhos estão entre os mais citados em toda a física. Entretanto, parece que a ISI Web of Knowledge não sabe distinguir entre os trabalhos que já receberam confirmação experimental, e portanto são candidatos ao prêmio Nobel, daqueles que ainda são especulativos e não possuem comprovação nos laboratórios. Ainda há que se esperar que apareça alguma evidência das supercordas. Aguarda-se com ansiedade o funcionamento do LHC para 2007.
  • Acidentalmente soube que a greve na USP terminou. Muito peculiar, uma greve quase virtual. Haviam poucos sinais da greve. Na Poli, onde dou aulas nas segundas e quartas, tudo estava normal. Nenhum aluno inquiriu sobre a continuidade das aulas. No Instituto de Física nenhum professor me disse que havia parado de dar aulas. Os únicos sinais da greve que eu vi foram a biblioteca fechada por alguns dias, o bandejão fechado, obrigando alunos a gastarem mais com alimentação, e o circular parado, também obrigando alunos a gastarem mais com transporte, ou fazendo com que alunos que tenham carro oferecessem carona (talvez o único aspecto positivo da greve). Durante dois dias ouvi bumbos e cornetas de alguns alunos tentando interromper aulas em andamento. Uma forma nada democrática e muito violenta de convencimento. O motivo declarado para a greve foi o veto do governador ao aumento de verbas para a educação pública estadual. Como qualquer pessoa de bom senso também sou favorável ao aumento de verbas para a educação num país onde o ensino recebe muito menos do que deveria receber. Como qualquer pessoa de bom senso, sei que que uma greve para forçar a derrubada do veto seria totalmente ineficaz. Uma paralização das aulas no dia da votação na assembléia legislativa teria muito mais força do que uma greve longa e desgastante. Isso explica a baixíssima adesão à greve. E os promotores da greve? Não têm bom senso ou tinham outros objetivos ao declarar a greve? Como sempre, a transparência política é inexistente.
  • 20/09/2005
  • Um trabalho de revisão bastante detalhado sobre a teoria M apareceu hoje nos archives . Vários cálculos explícitos envolvendo spinores são discutidos. O trabalho original de Cremmer, Julia e Scherk também é discutido em detalhe.
  • A transposição do Rio São Francisco, caso venha a acontecer, custará uma enorme fortuna aos cofres do país e mihões de pessoas serão afetadas. Todos esperam que a decisão final seja tomada em bases estritamente técnicas, levando em conta as vantagens e desvantagens para as populações afetadas e analisando propostas alternativas com custo menor. Entretanto, os debates existentes são extremamente superficiais, como o promovido pelo Tribunal de Contas da União ou o artigo recente publicado pela Folha . Decisões extremamente importantes estão sendo tomadas com argumentos puramente subjetivos e pessoais. Enquanto isso, nos EUA, há uma proposta de lei para restaurar a integridade científica das pesquisas federais com a finalidade de evitar manipulação de dados e a disseminação de informações falsas. Com isso procuram trazer o debate sobre o aquecimento global para um nível mais elevado onde opiniões pessoais e pressões políticas de governos e industrias não interfiram com os aspectos técnicos. O mesmo deveria acontecer com o velho Chico.
  • Em tempo: a Folha publicou hoje outro artigo sobre o mesmo tema, desta vez tendo o ministro Ciro Gomes como autor. Surpreendenmente números são apresentados! A captação inicial será de 26 m³/s e deverá chegar a 127 m³/s. Isso significa uma desvio de 3800 milhões m³/ano. O artigo diz que 12 milhões de pessoas serão beneficiadas o que representa uma cota de água de 320 m³/ano por habitante. Ora, o próprio artigo cita dados da ONU afirmando que a quantidade mínima de água é de 1500 m³/ano por habitante! Isso significa que no máximo 2,5 milhões de habitantes seriam beneficiados e não 15 milhões. E lembrem-se que o ministro é formado em economia!
  • 19/09/05
  • Um trabalho de revisão nos archives promete apresentar loop quantum gravity de forma inteligível. A conferir. Outro artigo de revisão, sobre string field theory, é curto demais. Talvez possa ser útil aos que já dominam o assunto.
  • Tivemos um colóquio bastante didático sobre energia e matéria escura em cosmologia. Os slides podem ser vistos aqui .
  • A dificuldade do jornalismo científico: visto por um jornalista inglês, B. Goldacre, do Guardian; por um jornalista brasileiro, Marcelo Leite, da Folha e por uma física americana, Lisa Randall, de Harvard .
  • O International Linear Collider (ILC) está sendo proposto como o sucessor do Large Hadron Collider (LHC) do CERN. Será composto por dois aceleradores lineares de 20 Km cada, que colidirá elétrons e pósitrons. Estão lançando um boletim semanal que pode ser recebido por e-mail.
  • 16/09/05
  • Quanta matemática um físico teórico precisa saber? Colóquio do matemático David Morrison
  • Saiba porque Heisenberg não descobriu a equação de Schrödinger
  • 15/09/05
  • Porque moramos num universo tridimensional?
  • Neutrinos primordiais poderiam testar a teoria de cordas e loop quantum gravity
  • Einstein versus The Physical Review
  • Newton e a alquimia