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Obtendo a equação

Aplicando-se uma diferença de potential a um condutor ôhmico, e supondo que a dependência temporal não seja muito forte (freqüências da ordem de 60Hz, por exemplo), procura-se a relação entre a força eletromotriz e a corrente. Vamos resolver este problema, seguindo Pauli, usando considerações energéticas. O gerador de f.e.m. é um dispositivo qualquer, freqüentemente de natureza não eletromagnética (por exemplo, química, no caso de baterias), que mantém uma diferença de potencial $\phi' - \phi$ entre os extremos de um condutor ôhmico.


\begin{pspicture}(0,0)(10,4)
\psline(2,1.5)(7,1.5)
\psline(2,2.5)(7,2.5)
\psline...
...1.5,2)(2,2)
\uput[0](1.5,1.4){$\phi$}
\uput[0](6.8,1.4){$\phi'$}
\end{pspicture}

Fig.1 - Esquema do condutor
Precisaremos do importante resultado
\begin{displaymath}
\vec{E} = -\frac{1}{c}\frac{\partial\vec{A}}{\partial t} -
\vec{\nabla}\phi
\end{displaymath} (1)

que se obtém assim:
\begin{displaymath}
\vec{B}=rot \vec{A}
\end{displaymath} (2)

e
\begin{displaymath}
rot\vec{E}=-\frac{1}{c}\frac{\partial\vec{B}}{\partial t}
\end{displaymath} (3)

Usando a Eq. 2 na Eq. 3 e utilizando a linearidade do operador $rot$, podemos escrever
\begin{displaymath}
rot(\vec{E}+\frac{1}{c}\frac{\partial\vec{A}}{\partial t})=0
\end{displaymath} (4)

Já sabemos que , para qualquer campo vetorial $\vec{V}$ , a relação
\begin{displaymath}
rot \vec{V}=0
\end{displaymath} (5)

implica na existência de um escalar $\phi$ tal que
\begin{displaymath}
\vec{V} = -\vec{\nabla}\phi
\end{displaymath} (6)

Logo, usando a Eq. 5 e a Eq. 6 na Eq. 4, obtemos a Eq. 1.

No condutor considerado, a potência dissipada é dada por

\begin{displaymath}
J=\int d^3\vec{r}  \vec{J}.\vec{E} = \int d^3\vec{r} \frac{
\vec{J}.\vec{J}}{\sigma} = i^2R
\end{displaymath} (7)

onde $i$ é a corrente e $R$ a resistência do condutor.

Por outro lado, usando a Eq. 1,

\begin{displaymath}
J =\int d^3\vec{r}  \vec{j}.\vec{E}=-\int d^3\vec{r}  \vec...
...}\int d^3\vec{r}  \vec{j}.
\frac{\partial\vec{A}}{\partial t}
\end{displaymath} (8)

Ora, $div(\phi \vec{J})=\phi div(\vec{j})+\vec{j}.\vec{\nabla}\phi$ , e, na ausência de capacitores, podemos supor que não haja variação de carga em nenhum ponto do circuito, ou seja, que $\frac{\partial\rho}{\partial t}=0$, ou, equivalentemente (por causa da equação da continuidade), que $div\vec{J}=0$. Logo,
$\displaystyle J$ $\textstyle =$ $\displaystyle -\int d^3\vec{r} div(\phi\vec{j}) - \frac{1}{c} \int d^3\vec{r}
 \vec{j}.\frac{\partial\vec{A}}{\partial t} =$  
  $\textstyle =$ $\displaystyle - \int \phi\vec{j}.\vec{n} dS - \frac{1}{c^2}
\int d^3\vec{r}_P\...
...
\frac{\partial}{\partial t}\vec{j}(\vec{r}_Q)}
{\vert\vec{r}_P-\vec{r}_Q\vert}$  
  $\textstyle =$ $\displaystyle -\int \phi \vec{j}.\vec{n}dS - Li\frac{di}{dt}$ (9)

onde S é, naturalmente, a superfície externa do condutor. A integração na superfície é simples, pois $\vec{j}.\vec{n}
=0$ nas superfícies laterais (senão ``escaparia'' corrente pelos lados do condutor), mas não nas ``bases'' do condutor. Temos
\begin{displaymath}
- \int \phi\vec{j}.\vec{n} dS = i(-\phi' + \phi)
\end{displaymath} (10)

Logo,
\begin{displaymath}
J=i(\phi' - \phi) - Li\frac{di}{dt}
\end{displaymath} (11)

Comparando com (7), obtemos
\begin{displaymath}
Ri^2=i(\phi'-\phi)-Li\frac{di}{dt}
\end{displaymath} (12)

Ora, $\phi' - \phi$ é a diferença de potencial $V^{(e)}$ criada pela fonte de força eletromotriz (gerador). Tem-se, então,
\begin{displaymath}
V^{(e)} = Ri + L\frac{di}{dt}
\end{displaymath} (13)

que é a equação básica na ausência de capacitores.
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Henrique Fleming 2001-11-29