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O credo de Planck

A solução obtida por Planck custou-lhe muito (e muito lhe rendeu!). Suas concepções em relação à física sofreram necessariamente um abalo, que iria desenvolver-se ainda, com os anos, até fazê-lo renegá-las. Para descrever este aspecto pessoal da questão, vou me valer do ótimo artigo de Res Jost[14] que compara Boltzmann e Planck. Estarei usando a excelente tradução que me foi dada pelo Professor Walter F. Wreszinski, a quem muito agradeço. Diz Jost, ``A dissertação de Planck tem o título Sobre o Segundo Princípio da Teoria Mecânica do Calor. A teoria mecânica do calor da época corresponde à termodinâmica de hoje. Planck acreditava na veracidade absoluta do teorema do crescimento da entropia: ele era um ENTRÓPICO. Este fato faz dele desde cedo um anti-atomista. Surpresos, lemos na sua fala por ocasião da sua eleição como membro da Academia Prussiana: Para finalizar gostaria de referir-me a um fato já conhecido de maneira explícita. O segundo princípio da teoria mecânica do calor, levado às últimas conseqüências, é incompatível com a suposição de que existem átomos finitos. É de se pressupor, por este motivo, que no desenvolvimento da teoria venha a se travar uma guerra entre essas duas hipóteses, que custe a vida a uma delas. Se o resultado dessa luta ainda não pode ser predito com segurança, diversos indícios parecem sugerir que, apesar dos sucessos da teoria atomística até o presente, teremos que optar pela hipótese de uma matéria contínua.''

Em 14 de dezembro de 1900, o segundo capítulo da palestra de Planck na Sociedade Alemã de Física, começa com o título:Entropia requer desordem. Diz Jost, ``Planck havia capitulado a Boltzmann''.


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Henrique Fleming 2002-04-13