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Campo de um fio com corrente constante

Para simplificar suponhamos que a corrente seja produzida por um feixe de elétrons com velocidade constante (sem a contrapartida de íons positivos, como num fio). Isto será simbolizado por um fio infinito (que poderia ser um tubo oco, dentro do qual estariam passando os elétrons).

\begin{pspicture}(0,0)(10,6)
\psline[linewidth=2pt](0,3)(10,3)
\psline{->}(1,3...
...uput[0](1,4){$b$}
\uput[0](5,5.5){$S$}
\uput[0](9.5,2.8){$x$}
\end{pspicture}

Um fio infinito ao longo do eixo $x$.



O sistema $S$, que possui velocidade $v$ em relação ao sistema $S'$, enxerga os elétrons parados ($v$ é também a velocidade dos elétrons!). Neste sistema ($S$), então, o campo magnético é nulo, e o campo elétrico é perpendicular ao fio, radial e de módulo
\begin{displaymath}\
E=\frac{2\lambda}{r}
\end{displaymath} (187)

onde $\lambda$ é a densidade linear de carga. Este resultado pode ser facilmente obtido usando-se o teorema de Gauss, por exemplo. No ponto $P$ (veja a figura), temos
\begin{displaymath}\
E_x(P)=0 \; \; \; \; \; B_x(P)=B_y(P)=B_z(P)=0
\end{displaymath} (188)


\begin{displaymath}\
E_y(P)=\frac{2\lambda}{b}
\end{displaymath} (189)


\begin{displaymath}\
E_z(P)=0
\end{displaymath} (190)

Usando as fórmulas de transformação obtemos
\begin{displaymath}\
E_x'(P)=0 \; \; \; \; \; B_x'(P)=0
\end{displaymath} (191)


\begin{displaymath}\
E_y'(P)=\gamma\frac{2\lambda}{b} \; \; \; \; B_y'(P)=0
\end{displaymath} (192)


\begin{displaymath}\
E_z'(P)=0 \; \; \; \; B_z'(P)=\beta \gamma\frac{2\lambda}{b}
\end{displaymath} (193)

Em suma, o campo magnético é
\begin{displaymath}\
B'_z(P)=\beta\gamma \frac{2\lambda}{b}
\end{displaymath} (194)

Se um observador ``em repouso'' observa uma carga por unidade de comprimento $\lambda$ e uma corrente zero, quais serão a densidade de carga e a corrente observadas por um observador de velocidade $-v$? Suponhamos que o fio tenha uma secção reta de área $dS$. Tomando um comprimento $dl$ do fio, temos um volume $dV=dl\;dS$. A carga neste volume é $Q$.
\begin{displaymath}\
Q=\rho dV=\rho dS dL = \lambda\; dl
\end{displaymath} (195)

Logo, $\lambda = \rho \; dS$. Então $\lambda$ se transforma como $\rho$, pois $dS$, transversal à velocidade, é invariante. Mas, como $j^{\mu}$ é um 4-vetor,
$\displaystyle j^{' 0}$ $\textstyle =$ $\displaystyle \gamma j^0 + \beta\gamma j^1$ (196)
$\displaystyle J^{'1}$ $\textstyle =$ $\displaystyle \beta \gamma j^0 + \gamma j^1$ (197)

e $J^0=c\rho$ (e, neste caso, $j^1=0$). Segue então que
$\displaystyle j^{' 0}$ $\textstyle =$ $\displaystyle \gamma c \rho \;\; ou \;\; \rho'= \gamma\rho$ (198)
$\displaystyle j^{' 1}$ $\textstyle =$ $\displaystyle \beta\gamma c\rho \; \; ou \; \; j^{'1}=\gamma \rho v$ (199)

A corrente observada por $S'$ é
\begin{displaymath}\
i=j^{'1}dS=v\gamma\rho dS=v\gamma \lambda
\end{displaymath} (200)

Levando este resultado à Eq.(194),
\begin{displaymath}\
B'_z(P)=\beta\gamma\frac{2\lambda}{b}=\frac{2i}{cb}
\end{displaymath} (201)

que é o resultado que obtivemos antes pela lei circuital de Ampère. Pode-se ainda calcular o campo elétrico em $S'$, ou seja, o campo elétrico de um fio infinito por onde passa uma corrente $i$. Este campo é, como vimos,
\begin{displaymath}\
E'_y(P)=\frac{2\gamma \lambda}{b}=\frac{2 \;i}{bv}
\end{displaymath} (202)

que é um resultado bastante interessante, pois não depende só da corrente, mas também da velocidade. Assim, medindo-se simultaneamente os dois campos, pode-se determinar a corrente (através de $\vec{B}$) e depois a velocidade das partículas, através de $\vec{E}$.
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Henrique Fleming 2002-04-15