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Máximos e mínimos

Funções harmônicas, e, em particular, potenciais em regiões onde não há cargas, não podem ter máximos nem mínimos. A demonstração deste importante resultado é usualmente feita utilizando a segunda fórmula de Green. Seja $\Sigma$ uma superfície esférica com centro em $r=0$ , e $V$ o volume delimitado por ela. Seja $u$ uma função harmônica, e seja $v=\frac{1}{r}$, que é uma função harmônica exceto para $r=0$. A segunda fórmula de Green aplicada a essas funções $u$ e $v$ dá:
\begin{displaymath}
\int dV\left(u\vec{\nabla}^2\frac{1}{r}\right)=
\int_{S}\l...
...{\nabla}\frac{1}{r}-\frac{1}{r}\vec{\nabla}u\right)
.\vec{n}
\end{displaymath} (18)

Mas, na superfície esférica, onde a segunda integral é calculada, $r=R$, onde $R$, constante, é o raio da esfera. Logo,
\begin{displaymath}
\vec{\nabla}\frac{1}{r}=-\frac{1}{R^2}\frac{\vec{r}}{r}=
-\frac{1}{R^2}\vec{n}
\end{displaymath} (19)

e, então,
\begin{displaymath}
\int dV\left(u\vec{\nabla}^2\frac{1}{r}\right)=-\frac{1}{R^2}
\int dS u \vec{n}.\vec{n} = -\frac{1}{R^2}\int dS u
\end{displaymath} (20)

Mas (veja Apêndice),
\begin{displaymath}
\int dV u\vec{\nabla}^2\frac{1}{r}=-4\pi u(0)
\end{displaymath} (21)

logo,
\begin{displaymath}
u(0)=\frac{1}{4 \pi R^2}\int u dS
\end{displaymath} (22)

que está nos dizendo o seguinte: uma função harmônica tem, em qualquer ponto, como valor, a média dos valores que tem em uma superfície esférica qualquer centrada neste ponto (desde que contida na região em que a função é harmônica). Uma aplicação imediate é a seguinte: dada uma distribuição de cargas em repouso, não há pontos em que uma carga-teste permaneça em equilíbrio, a não ser aqueles pontos onde já existam cargas (e, por conseguinte, onde a equação de Laplace não seja satisfeita).
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Henrique Fleming 2002-04-13